Caderninho azul de anotações... veja mais fotos dele na página - o processo da ladeira.
Registros e reflexões sobre o processo criativo em dança contemporânea Ladeira de chuva (solo de Líria Morays). Esse solo compõe o projeto Arquipélago (oito processos artísticos de diferentes artistas do Coletivo Construções Compartilhadas com o apoio do prêmio Klauss Vianna - FUNARTE). Trata-se de um espetáculo na rua que está sendo criado na ladeira da comunidade Vila Brandão em Salvador - Bahia - Brasil.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Morar e dançar na Vila Brandão - livres relatos...
O mar...
Morar de frente pro mar traz um modo de se relacionar com o
tempo das coisas que parece carregar o som e o tempo da água do mar a se mover
numa paisagem visual durante todo o dia e noite...
Voltar para o lugar que é rodeado pelo mar, talvez
signifique modificar o ritmo e entrar em outra lógica de funcionamento
Num lugar depois da ladeira em que entradas, becos e saídas,
escadas e blocos nus ora aparecem, ora são apenas passagens para uma paisagem
azul... olhar o mar daqui da vila parece deixar as pessoas em estado de
hipnose...
Por coincidência do destino, estou morando aqui na própria
Vila. É reconfortante saber que existe um acolhimento das pessoas que me
cumprimentam – fruto de visitas num processo criativo de dança contemporânea.
As crianças reconhecem partes do trabalho tentando imitar aquilo que é feito...
muitos riem, reconhecem que algo está sendo feito e acham engraçado!!
O barulho e as cores que a ladeira apresenta desaparece no
lugar onde estou morando na Vila – o som em comum da ladeira com as crianças
brincando e pessoas falando, daqui não se escuta. É como se dentro da própria
comunidade recortes outros se apresentam diante de quem aqui mora, em becos,
entradas e saídas e recortes distintos de uma mesma paisagem. Está sendo
importante respirar esse lugar dessa forma, nem que seja pra chegar pela
ladeira e sair pela ladeira todos os dias... mesmo quando não tem ensaio, viver
aqui fortalece os ensaios necessários que não podem ocorrer por alguma razão...
O barulho do mar está em toda a parte... durmo e acordo com
esse som – é o melhor para concentrar a escrita e pensar no dia que vem...
...
Hoje fiquei um pouco triste com o estado sujo da ladeira –
parece que a Limpurb vem aqui uma vez no mês... muita sujeira num lugar tão
bonito!!! Dá uma sensação de inutilidade ficar fazendo movimentos na ladeira
sem que isso faça um sentido de mudança para a comunidade, que aliás nesse
momento, estou fazendo parte dela.
É um dos contrastes sociais que encontramos em lugares do
centro da cidade que ao mesmo tempo são periféricos... a prefeitura fica muito
ocupada limpando os centros da cidade e a Vila, que muita gente nem sabe que
existe fica a míngua!
domingo, 9 de setembro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
A libélula
A libélula veio desenhada no caderninho azul onde anoto coisas sobre o processo. Comecei perguntando sobre o significado desse desenho e cada vez mais entendo... foto que Lucia me enviou do Uruguai - ela foi a primeira pessoa com quem comecei a falar sobre a libélula.
Símbolo do sígno de Aquário
Símbolo - interpretação de Pedro Filho Amorim quando falei para ele, certa vez, que o processo só tinha três palavras: duas (duas pessoas), água (tinha água do mar e água no processo) e zigue-zague (as pessoas andam em zigue-zague na ladeira que é muito inclinada - uma solução do corpo para subir...). Pedro pensou em duas, água e zigue-zague e rapidamente me enviou esse símbolo e muitas outras possibilidades se abriram...
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
corpo-espaço- ladeira
Ladeira de chuva
Líria Morays (solo)
Líria Morays (solo)
Declives de
compartilhamento, de rolamento, de escoamento, de escorrimento – uma paisagem
azul e o encontro com um lugar escondido no centro de Salvador.
Fotos: Carlos Castillo
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